29 de janeiro de 2021

O NEOLIBERALISMO E A DISSIMULAÇÃO

Augusto César Leite de Carvalho – Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Mestre em Direito e Desenvolvimento (Universidade Federal do Ceará), Master em Direito das Relações Sociais (Universidad de Castilla la Mancha), Doutor em Direito das Relações Sociais (Universidad de Castilla la Mancha), Pós-Doutor em Direitos Humanos (Universidad de Salamanca), Professor

Nos anos 70 o Brasil vivia um regime ditatorial e, por isso, os artistas precisavam disfarçar-se para esboçar alguma resistência. Eram previamente censurados ou caíam, adiante, nas teias da repressão estatal.

Para driblar a censura, o compositor Chico Buarque adotou o pseudônimo Julinho de Adelaide e assim conseguiu ter aprovada a música Acorda, amor que, em certa estrofe, diz assim:

Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame […] lá
Chame […] o ladrão

Acorda, amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, […]
Chame o ladrão, chame o ladrão”

A música foi aprovada e foi sucesso, servindo como um grito de libertação entre os que se opunham ao regime.

A era neoliberal é a era da dissimulação. Paul Krugman, entre tantos que criticam a economia dissociada da ética, ironiza esse modo supostamente neutro de pensar e diz que a economia neoliberal estaria associada a ideias zumbis, ou seja: “ideias que vão dando tombos arrastando os pés e devorando o cérebro da gente, em que pese haverem sido refutadas pelas evidências”.

A razão de o Estado existir é a garantia de que todos os direitos sociais (educação, saúde, moradia, trabalho digno etc) e ambientais (natureza e cultura em tempo de sustentabilidade) serão direitos assegurados efetivamente a todos, pois um só haverá de ser o ponto de partida para que todos possam exercer, em plenitude, as liberdades civis e políticas que nos conferem cidadania.

Ao negar a atualidade e urgência dessa pauta política, o fanatismo liberal é miséria e fingimento.

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