15 de abril de 2025

Nota de Solidariedade

O Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e do Ministério Público do Trabalho (IPEATRA), vem a público manifestar sua solidariedade à Associação Nacional dos Procuradores e Procuradoras do Trabalho (ANPT), à Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), à Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRATT) que se manifestaram em defesa da competência da Justiça do Trabalho e, ao mesmo tempo, expressa veemente repúdio à recente decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que determina a suspensão nacional da tramitação de todos os processos que discutem a competência da Justiça do Trabalho para julgar causas relacionadas à fraude no contrato civil de prestação de serviços, à licitude da contratação de trabalhadores autônomos e à responsabilidade sobre o ônus da prova.

O IPEATRA entende que a decisão do STF representa um grave retrocesso social, com o potencial de precarizar as relações de trabalho e retirar de trabalhadores e trabalhadoras a proteção da Justiça especializada, que
historicamente se mostrou mais sensível às suas demandas e necessidades.

A medida atinge em cheio a capacidade da Justiça do Trabalho de analisar e julgar casos de possíveis fraude trabalhista, nos quais empresas buscam mascarar a relação de emprego para se eximir de suas responsabilidades, bem como a própria discussão sobre a validade da contratação de trabalhadores(as) autônomos(as), figura que, não raras vezes, é utilizada para fraudar direitos trabalhistas.

O IPEATRA destaca que a decisão do STF afeta diretamente as políticas públicas de ação afirmativa para a inserção no trabalho, a exemplo da reserva de cargos para pessoas com deficiência, que dependem da regularidade do vínculo empregatício para sua efetivação. Ao permitir a precarização das relações de trabalho, a decisão dificulta o cumprimento das cotas de contratação e afeta a inclusão de trabalhadores e trabalhadoras com deficiência no mercado de trabalho.

O IPEATRA afirma que é preciso avançar sempre na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras em situação de vulnerabilidade, de modo que o Direito do Trabalho e a Justiça do Trabalho cumpram seu papel na concretização dos
direitos sociais constitucionalmente previstos. Nesse sentido, é fundamental reconhecer que a pejotização e a discriminação no mercado de trabalho representam obstáculos adicionais à inserção e à manutenção no emprego de
mulheres, pessoas negras, pessoas LGBTQIAP+, pessoas idosas, pessoas indígenas e outras.

O IPEATRA reafirma que a pejotização precariza os vínculos empregatícios, retira desses(as) trabalhadores(as) a proteção da legislação trabalhista, tornando-os(as) mais suscetíveis à exploração e à violação de seus direitos. A discriminação, por sua vez, manifesta-se na dificuldade de acesso ao emprego, na desigualdade salarial, na ausência de oferta de tecnologia assistiva e adaptação razoável, no assédio e em outras formas de violência, aprofundando
as desigualdades sociais e limitando o potencial de desenvolvimento desses grupos.

O IPEATRA assevera que pejotização também acarreta dificuldades na proteção do meio ambiente de trabalho. A ausência de vínculo empregatício dificulta a fiscalização e a responsabilização das empresas em relação ao cumprimento das normas de segurança e saúde no trabalho, o que pode levar a um aumento do número de acidentes e doenças ocupacionais.

O IPEATRA lembra que não se pode ignorar o impacto negativo nos cofres públicos, decorrente do não recolhimento dos tributos devidos, como FGTS e INSS. A fraude na contratação de trabalhadores(as), ao mascarar a relação de
emprego, acarreta a sonegação de valores que são essenciais para o financiamento de políticas sociais e para a manutenção do sistema de seguridade social.

O IPEATRA se une às entidades que defendem a Justiça do Trabalho e reafirma seu compromisso com a promoção e defesa dos direitos sociais e trabalhistas, e se coloca à disposição para atuar, dentro de suas possibilidades, no sentido de reverter essa decisão e garantir que a Justiça do Trabalho continue a desempenhar seu papel fundamental na proteção de trabalhadores e trabalhadoras, e na promoção de um ambiente de trabalho digno, justo, saudável
e acessível.

Notas Oficiais Recentes

15 de abril de 2025

Nota de Solidariedade

18 de agosto de 2023

NOTA DE APOIO E RECONHECIMENTO

15 de agosto de 2023

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA A ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DO IPEATRA – INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS AVANÇADOS DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

16 de junho de 2023

CARTA ABERTA EM DEFESA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA APRECIAR AS CONTROVÉRSIAS RESULTANTES DAS RELAÇÕES DE TRABALHO POR PLATAFORMAS DIGITAIS